Thursday, February 06, 2014

Mercado de Capitais - uma visão purista...

Uns o veem como um grande jogo. Outros como uma forma de ganhar dinheiro fácil e rápido. O fato é que o mercado de capitais não é nem uma coisa nem outra em seu todo, mas é um pouco de cada uma delas em seu cerne. Pode ser um jogo do ponto de vista do indivíduo que ao investir num determinado papel sente prazer no acompanhamento das variações de valor daquele bem. Isto é proveniente da adrenalina existente nas aplicações de risco que podem fali-lo, ou enriquecê-lo num piscar de olhos. O viés desta classificação está em que raramente num jogo, todos os participantes inclusive a banca, saem todos ganhando ao mesmo tempo, como pode ocorrer com um bom investimento.
                A possibilidade de ganhar dinheiro fácil e rápido existe, mas é pouco provável nos dias de hoje, quando a especulação é mais vigiada que outrora, tempos de Naji Nahas e por aí vai. A possibilidade, porém ainda existe, mas com certeza, sem nenhuma facilidade. O trabalho do investidor é duro e exige atenção, conhecimento macroeconômico, percepção e visão sistêmica das regras de investimento, além de contar com um pouco de sorte, já que a lei de oferta e procura, além da qualidade dos gestores das empresas em que investe, estão totalmente fora de qualquer possibilidade de manipulação, pois como já citei, hoje em dia a especulação, fator que poderia vir a maquiar o valor de papéis ilusoriamente, é bem mais vigiada por órgãos como a CVM.
                A verdade é que olhando por onde olharmos, o mercado de capitais é uma fundamental ferramenta de desenvolvimento econômico. Seja do ponto de vista das firmas, que o utilizam para se capitalizarem no sentido do investimento, seja do ponto de vista do país, pois um mercado forte atrai investimentos e ajuda a consolidar posicionamentos sob uma ótica de decisão mais globalizada, e deste ponto de vista, ainda podemos depreender que o mercado de capitais é um excelente termômetro da atividade econômica, sendo as bolsas de valores e seus índices, excelentes direcionadores de políticas econômicas de um país.

                De qualquer forma, voltando à ótica do investidor, mesmo tendo perdido o romantismo dos grandes pregões presenciais, investindo em ações o aplicador passa a fazer parte da possibilidade de investimento de uma empresa, contribuindo assim para o crescimento de sua nação. Isso garante a mística das bolsas de valores e fortalece o papel social da atividade, mesmo que seja bem verdade, o objetivo no fim das contas é sempre ganhar dinheiro, o que não faz nenhum mal, afinal de contas, pode ser até divertido de vez em quando, jogar um jogo onde tomo mundo ganha. Até mesmo a banca.

Monday, February 03, 2014

Empreendedorismo

"Empreendedorismo é paixão e trabalho duro. Qualquer macaco pode ter um MBA."
Bruce Dickinson.

Começo com uma frase que não fui eu quem construiu. Muitas vezes tive a intenção de dizê-la, mas por prudência a evitei e o fiz, pois é perceptível que a dinâmica da empregabilidade no mundo moderno passa pela “conquista” de um currículo cheio de comprovações. Receoso, então, de parecer um Herege e ser crucificado ou tratado como boçal, calei-me. De fato, esta verdade não interessa a quem só importam provas de conclusões de cursos e diplomas pendurados nas paredes, além de títulos de MsC e PhD que enfeitam nomes e em muitos casos adornam embustes de benfeitorias para a sociedade, sem a mínima assertiva de efetividade.
                Não tenho nada contra a educação formal. Deixo isto já claro. O que me incomoda é a eterna visão de que esta é determinante para um papel social fundamental do indivíduo em sociedade. Admito que ela é importante, mas enquanto não a entendermos como um acessório e não como um fim em si mesma, continuaremos uma sociedade capenga. Uma comunidade de indivíduos que acreditam que a ferramenta é mais importante que a técnica de utilizá-la, onde empreender não é nada além de fazer o mesmo e da mesma forma muitas e muitas vezes, confundimos diuturnamente o executar com o realizar.
                Infelizmente na estrutura social está entalhado não somente o estimulo a esta visão deturpada, mas a própria distorção da educação em sua base formal, quando peca ao pautar-se somente nas ferramentas do exercício profissional e no moldar seu modelo mental, ignorando o desenvolvimento da visão crítica e do empreendedorismo. Isto é muito pouco para um mundo onde o emprego dos fatores de produção fica cada vez mais limitado, dada a acelerada automação dos processos produtivos e maior velocidade no fluxo de informações, dependendo cada vez menos de pessoas para executar tarefas e cada vez mais para prover realizações, para criar oportunidades e diversificar as formas de alocação de recursos, empregando fatores com novas ideias que efetivamente contribuirão para a dinâmica de uma sociedade realmente inclusiva.
                Mas o que é empreendedorismo? Gerar valor, inovar, assumir o risco de fazer diferente. Ter percepção da oportunidade e ser criativo para realizar. Num mundo onde a formação escolar e a graduação tornam-se cada vez mais democráticas, e precisam ser, pois as ferramentas devem estar disponíveis para serem bem aproveitadas por todos, os diferenciais estão se reduzindo consideravelmente. Isto redunda que as realizações têm sido cada vez mais escassas, pois onde impera a mesmice e a falta de criatividade não há inovação em processos ou produtos. O resultado é que as poucas inovações ainda desenvolvidas estão concentradas em pequenos grupos transnacionais que reinam absolutos no que tange oferta de bens em escala global.
                Profissionais com visão e dispostos a arriscar novos métodos e formas são fundamentais para empresas que querem se manter competitivas no mercado. Estas mesmas empresas necessitam, o quanto antes, modificar suas estruturas de gestão para identificar e investir em profissionais com perfis empreendedores. O intraempreendedorismo é a saída para as mudanças nos métodos produtivos que necessitam se adaptar aos novos tempos e à demanda, cada vez mais ávida por novidades em prestação de serviços e novos produtos, ou mesmo, às próprias empresas, ansiosas por ganhos de eficiência de processos.
                Fidelizar os empreendedores internos é uma prática saudável para o crescimento, pois no universo competitivo e principalmente na ótica do desenvolvimento sustentável, inovar para crescer deixou de ser apenas uma premissa para maximização de lucro. Passa a ser uma obrigação ambiental, mas, sobretudo, social. É fundamental observar e cativar aqueles que no meio do Caos, ao invés de enxergarem Caos, conseguem ver as oportunidades e transformá-las em sucesso.

“Odeio essas almas pulsilânimes que, por muito preverem consequências, nada ousam empreender”

Jean Moliére